O gaming na cloud Jogos na nuvem: é o futuro dos videojogos?

Olá, Nitroamig@s! É um prazer voltar a escrever para vocês. Mais uma semana, mais um tema interessante. Hoje vamos falar sobre gaming na cloud, será este o futuro dos videojogos?

Já escrevemos vários artigos onde mencionámos e analisamos as diferentes plataformas de jogos na cloud, mas nunca explorámos verdadeiramente o sistema em si. Será que vai substituir todos os outros formatos? Daqui a 20 anos, teremos apenas plataformas na cloud e pagaremos apenas pelo aluguer temporário de um jogo? Vamos descobrir tudo nesta publicação!

Um mercado em crescimento

É inegável que o mercado do gaming na cloud não pára de crescer ano após ano. É normal, se tivermos em conta que o mercado dos videojogos é a indústria de entretenimento mais poderosa que existe (fatura mais do que o cinema e a música juntos). Não há muitos analistas que se tenham dado ao trabalho de estudar esta parte do mercado, mas eles existem. 

Por exemplo, na Mordor Intelligence recolheram a informação que nos interessa, mostrando que no ano passado, em 2024, os serviços de jogo na cloud faturaram um total de 2.270 milhões de dólares. Fizeram uma média estatística contando o crescimento desde 2019 e, com aritmética simples, uma projeção de mercado para os próximos cinco anos.

O resultado, a confirmar-se, é tão impressionante como se pode ver neste gráfico.

Se tivermos em conta que o setor gera cerca de 190 mil milhões de dólares, pode parecer uma quantia irrisória (apenas 1,5%). No entanto, se as projeções se confirmarem, em 2030 poderá representar entre 8% e 10%. É um salto enorme, caso as previsões estejam certas.

Vamos perceber porque é que cada vez mais pessoas jogam na cloud e deixam de lado o formato tradicional, já que existem muitos motivos para isso.

Mercado jogos na nuvem 2019 - 2029

Vantagens de jogar na cloud

Apesar de existirem muitos críticos, as vantagens do cloud gaming começam a destacar-se. Estes motivos podem levar-te a optar por esta solução.

Mais económico se souberes como o utilizar

As subscrições das plataformas de jogo na cloud funcionam como uma inscrição no ginásio: se não vais aproveitar, mais vale guardares o teu dinheiro. Não faz sentido pagar 10, 15 ou até 20 euros por mês para jogares apenas umas horas por semana. Se não tens tempo, compra um jogo de que gostes e aproveita-o durante o ano todo, especialmente se for longo.

Agora, se jogar é o teu hobby favorito e consegues dedicar-lhe algumas horas todos os dias (em vez de ires ao ginásio), então sim vale mesmo a pena. Além disso, plataformas como o Game Pass da Microsoft disponibilizam jogos no próprio dia de lançamento, por isso, em vez de gastares 60 ou 70 euros num título, podes terminá-lo em poucos dias com a tua subscrição e passar logo ao próximo.

Por fim, podes “experimentar” qualquer jogo do catálogo e, se não gostares, simplesmente descartá-lo, sem teres gasto um cêntimo nem sentires arrependimento por compras desnecessárias.

Não são precisos dispositivos topo de gama 

Todos gostamos de um PC Gaming de 3.000 euros com o melhor hardware. Outros preferem a PlayStation 8 Pro Slim Ultimate All Digital 2000 Special Edition. A verdade é que, para jogar na cloud, já podes fazê-lo com um computador de 500 euros ou uma consola de 300 euros.

Se tens o orçamento apertado, a tua conta bancária vai agradecer que compres um PC simples e depois pagues religiosamente as subscrições mensais para acederes aos catálogos disponíveis.

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A minha casa tem 60 metros quadrados

Há uns anos fizemos uma publicação que foi muito bem recebida, onde analisámos a “luta” entre o formato físico e o digital. A verdade é que somos muitas pessoas, todos queremos viver nos mesmos sítios e o espaço é limitado. Por isso, o formato digital foi ganhando terreno em relação a encher estantes com jogos.

Algo semelhante está a acontecer agora. As pessoas começam a “fartar-se” de ter 200 jogos na biblioteca da Steam, 100 na Epic Games Store e 50 na GoG, por exemplo. Como os jogos digitais não se podem revender como os físicos, muita gente já não quer comprar um jogo que dura 10 horas para depois ficar ali esquecido para sempre. Jogam-no numa plataforma de streaming, terminam-no e, depois disso, já está — segue-se o próximo.

Não quero ter 14 bibliotecas diferentes

Isto está relacionado com o motivo anterior. Quando só existia a Steam, tudo era maravilhoso. Talvez o único caso de monopólio agradável da história. Mas, onde há um nicho, toda a gente quer entrar. De repente, a Electronic Arts lança a Origin e leva todos os seus jogos. Depois, a Ubisoft cria a Uplay e faz o mesmo. Mais tarde, a Rockstar... já imaginas o que aconteceu.E ainda surgiram concorrentes diretas como a Epic Games Store ou alternativas como a GoG. 

O problema é que é horrível ter contas em 14 sítios diferentes só porque pode haver um jogo específico que te interessa lá.

Com a cloud, isso reduz-se bastante. É verdade que alguns jogos podem estar ligados a contas externas e pedirem-te login para poderes jogar, mas, no geral, basta entrares na plataforma, escolheres o jogo que queres e começar a jogar.

Plataformas do jogos para PC

Não preciso de discos rígidos de 4TB

E continuamos na mesma linha de pensamento que os pontos anteriores. Se tens pouco espaço em casa, também tens espaço limitado no teu PC. Hoje em dia, os jogos, especialmente os Triple A (grandes produções), raramente ocupam menos de 100GB. Imagina alguém que quer ter 8 ou 10 jogos instalados ao mesmo tempo, conforme a disposição do momento. Por exemplo: se te apetece relaxar, jogas um simulador de voo ou um SIMS; se queres umas gargalhadas, é o Grand Theft Auto com os amigos; se te apetece competir, o FIFA ou outro jogo competitivo; se estás com vontade de atirar o comando à parede, a NG+4 do souls do momento; e se podes mesmo dar-te ao luxo de perder horas a explorar mundos gigantes, como um Assassin’s Creed ou um Horizon.

Ou seja, precisas de discos rígidos enormes para teres tudo isso instalado no PC. Mas, com a cloud, esse problema desaparece.

Autoguardado e cópia de segurança

És daqueles que guardam quatro vezes seguidas, só para ter a certeza? Eu também. E se houver vários espaços para guardar, usas todos conforme a fase do jogo? Confesso que também faço isso. Perder o progresso é sempre um trauma, especialmente em jogos longos ou difíceis. Com a cloud, ganhas segurança duplicada: se acontecer alguma coisa grave ao teu PC e tiveres de o formatar, não há problema em perder o ficheiro de gravação local, porque tens a cópia guardada na cloud, que será descarregada juntamente com o jogo.

Há casos pontuais, como a infame Epic Games Store, que por vezes não sincroniza bem o guardado na cloud com o local e a sua solução mágica é destruir-te a gravação... Mas pronto, em compensação oferecem jogos grátis todas as semanas.

Salvar jogo meme

Joga em qualquer lugar

Sim, sabemos que há computadores portáteis e também consolas. Mas imagina jogar Gears of War no teu telemóvel. Com os serviços na cloud, se tiveres um dispositivo compatível, podes jogar até na televisão de casa, apenas com o teu comando.

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Problemas do gaming na cloud

Depois de leres tudo o que está acima, poderás pensar: “Uau, só vantagens!” Mas não é bem assim. Existem alguns inconvenientes, e alguns deles são tão sérios que podem mesmo anular todas as vantagens. Vamos analisar alguns desses problemas.

Nada é teu, mas pagas na mesma

O título pode soar duro, mas não deixa de ser realista. O sentido de propriedade é algo muito enraizado em nós. Queremos possuir tudo (ou pelo menos acreditar que possuímos), desde uma casa a um carro, passando por uma bicicleta ou até pela roupa que vestimos. Já há quem critique o formato digital, porque deixas de ser dono de um jogo físico para passares a ser apenas titular de uma licença de utilização.

Com o jogo na cloud, nem isso tens. Lembras-te dos videoclubes e das lojas antigas onde alugavas jogos durante uns dias? Depois o jogo desaparecia e, de poucas em poucas semanas, havia novidades nas prateleiras. Basicamente, o jogo na cloud é a versão moderna do videoclube, mas sem precisares de sair de casa.

Jogo na nuvem meme

Gostas do jogo? Pois ficas sem ele

Isto vem mesmo a propósito do que falámos antes. É certo que a maior parte dos jogos não tem grande piada para voltar a jogar depois de acabar. Jogas, divertes-te mais ou menos, ficas com aquela sensação boa (ou, às vezes, uma certa tristeza) quando aparecem os créditos, e pronto, siga para o próximo. Mas e se tiveres um jogo na cloud que costumas jogar com os teus amigos? Ou então um daqueles jogos que dá mesmo vontade de repetir, ao qual já dedicaste umas boas 800 horas e ainda tens vontade de continuar? Pois bem, tiram-to debaixo do nariz e não podes fazer absolutamente nada.

Isto acontece com frequência e, normalmente, não gera grande polémica. No entanto, em março deste ano, houve uma onda de queixas porque a Microsoft retirou do seu serviço na cloud jogos da saga Yakuza, o No More Heroes 3 e o Lies of P. 

Muitos utilizadores que pagam por estes serviços viram-se impedidos de terminar os seus jogos ou simplesmente ficaram sem poder voltar a jogá-los.

Os nossos sistemas foram abaixo. Porfavor, vá dar uma volta e apanhe um bocadinho de sol

Não, não estamos a brincar (bem, talvez só um pouco). Imagina que chegas a casa depois do trabalho e só te apetece passar umas horas naquele jogo de que tanto gostas. Ligas o PC, preparas-te para abrir a plataforma de jogos na cloud… e deparas-te com isto.

E não é só o erro 503. Tens todo um leque maravilhoso de erros que podem aparecer a qualquer momento. E o que é que fazes nessa altura? Procuras outra coisa para te entreteres. Sim, estás a pagar por um serviço, ele falha e tu não podes fazer grande coisa. Podes reclamar, ficar irritado, gritar, levantar os braços ao céu e abanar os punhos com força, mas não passa disso.

Esta é uma das principais razões pelas quais muita gente torce o nariz a este formato. É verdade que é raro estes serviços irem abaixo. Têm autênticos gigantes por trás a garantir que tudo corre sobre rodas. Mas se acontecer, ficas mesmo sem nada para te entreteres.

Error 503 service unavailable

Tudo à mão, mas fica caro

De certeza que tu e os teus amigos já tiveram aquela conversa sobre o absurdo que é gastar tanto dinheiro em várias plataformas de streaming. Se juntares Netflix, Disney+, HBO Max e Amazon Prime (e há muitas mais), podes facilmente gastar até 600 euros por ano, ou 50 euros por mês. E se ainda quiseres juntar desporto (futebol, F1, UFC...), o preço dispara para mais de 100 euros mensais.

E com as plataformas de jogos? É exatamente a mesma história. A menos que tenhas dinheiro a rodos, não recomendamos ter mais do que duas plataformas ao mesmo tempo. O PlayStation Plus para PC custa quase 20 euros por mês, e o Game Pass da Microsoft 15 euros. Agora imagina se ainda te metes no Ubisoft Connect, Social Club, Amazon Luna, Geforce Now, EA Play… Uma verdadeira loucura de gastos.

Outra opção é combinar plataformas que se “complementam”, como é o caso da Microsoft e da Electronic Arts.

Será este o futuro dos videojogos?

Neste momento, a resposta é um claro não. Agora, daqui a 20 anos... é bem provável. Se a previsão para os próximos 5 anos é que possa chegar a representar até 10% do mercado, daqui a 20 anos nem conseguimos imaginar que números poderá atingir. 

Se há 15 anos te dissessem que o formato físico ia praticamente desaparecer para dar lugar ao digital, não acreditavas, e está mesmo a acontecer. O se te dissessem que iam existir jogos como serviço onde acabas por gastar milhares de euros, dirias que isso só num casino. Mas, no fim, tudo acaba por acontecer. Tudo vai depender de como o público reage nos próximos anos.

Espero que tenhas gostado deste artigo (tentamos sempre que sejam divertidos e informativos). Lembra-te que todas as semanas publicamos conteúdos deste género, e podes seguir-nos nas redes sociais.

Um nitroabraço a todos!