
Os maiores falhanços da história dos PCs
Olá, Nitroamig@s! Sejam bem-vindos a mais uma semana no nosso blog. Esta semana trazemos um artigo que vos vai deixar de queixo caído. Vamos mostrar-vos os maiores falhanços da história do PC. E explicar por que falharam (os motivos são vários), quantas unidades venderam aproximadamente e, acima de tudo, isto vai servir para aprendermos o que não se deve fazer neste setor.
Preparados para uma viagem tão educativa quanto divertida?
Vamos a isso!
Um sector desconhecido
Quantas vezes já viram vídeos ou leram artigos sobre os maiores fracassos dos videojogos? E sobre falhanços em consolas? Ou então de empresas no geral? Há milhares. No entanto, o sector dos computadores, seja o PC pessoal ou o industrial, continua a ser um desconhecido para a maioria.
Pack Silver S
910.80 VER PRODUTO
Na verdade, a grande maioria da população da Península Ibérica só começou a ter computadores em casa já no século XXI. Por outro lado, noutros países como os Estados Unidos, Reino Unido, Japão ou Alemanha, era mais comum e os mercados de informática estavam mais focados nesses equipamentos. Ainda assim, apesar de ser um mercado em crescimento, jovem e com grande potencial, houve casos em que algumas apostas acabaram por falhar de forma estrondosa. Vamos conhecê-los.
Os maiores falhanços da história dos PCs
A ordem que vamos seguir será puramente cronológica, independentemente de quem tenha vendido mais ou menos.
Xerox Alto (1973)
Este é um caso clássico de “demasiado à frente do seu tempo” misturado com “foi-lhes demasiado grande”. Para os especialistas, esta máquina era uma autêntica fera tecnológica. Teve a primeira interface gráfica, um rato primitivo e até uma ligação Ethernet. Porque falhou? Porque não souberam como lançar o produto ao mundo. Produziram apenas algumas milhares de unidades. A maioria delas foi usada internamente, ou seja, criaram esta maravilha só para eles próprios. Mais tarde começaram a vender a universidades, onde teve boa receção, mas era um mercado muito limitado.
Quando a Xerox decidiu finalmente levar o projeto a sério e tentar vendê-lo a empresas e ao mercado doméstico, já era tarde e outras companhias tinham capitalizado todas as suas ideias, parecendo ao público que eram esses concorrentes os verdadeiros pioneiros.
Apple III (1980)
Considerado pela maioria como o maior fiasco da história dos computadores. A companhia frutífera já contava com algum reconhecimento a nível internacional graças ao Apple II. Foi um bom computador para a época e contou com o VisiCalc, uma espécie de "Excel" muito primitivo, mas que encaixou bem tanto nas empresas como nas casas. A Apple estava em alta e, ao lançar o modelo seguinte, tudo foi um despropósito atrás de outro.
O hardware era péssimo. Conseguem imaginar um computador sem ventoinhas ou dissipadores? Pois foi aí que a Apple voltou a inovar, mas para pior. Ao pouco tempo de usar o computador, ele sobreaquecia, os chips desligavam-se e saíam do sítio. Diz-se que, perante as múltiplas queixas, a empresa chegou a sugerir que levantassem o PC e o deixassem cair para ver se os chips voltavam a encaixar. Claro está, garantia para quedas e quebras? Zero. Além disso, os relógios em tempo real não funcionavam. Um verdadeiro desastre.
Se a isso juntarmos que o computador já saiu ultrapassado (era de 8 bits, quando já começavam a aparecer os de 16 bits), temos o combo perfeito do fracasso.
Osborne Executive (1983)
Aviso antecipado que 1983 é considerado o pior ano para a indústria dos PCs, e vamos ver mais casos. Este fracasso do Osborne Executive tornou-se um marco, a ponto de ser estudado nos cursos de marketing e de ser chamado de "Efeito Osborne".
Era um bom computador em geral e vendeu uma quantidade enorme para a época, chegando a 10.000 unidades por mês, com um total de 125.000 unidades vendidas. Então, o que aconteceu? Um dos piores casos de marketing da história. Com apenas metade da vida útil do seu produto, anunciaram que já estavam preparando o seu sucessor. E não só foram ansiosos, como também apresentaram-no de modo a fazer parecer que o Osborne 1 era um pisa-papéis ao lado do Osborne 2 (em vez de atacar a concorrência, atacaram a si próprios). Isso fez com que as vendas parassem abruptamente, pois as pessoas preferiram esperar pelo novo modelo. O problema foi que as vendas caíram tanto que a empresa faliu antes de conseguir finalizar a produção e o lançamento do Osborne 2.
Apple Lisa (1983)
Como a Apple faz tudo em grande, acabou por sofrer um "Efeito Osborne" ainda maior do que o próprio Osborne. Após investir 150 milhões de dólares no desenvolvimento deste PC (com interface gráfica e rato, entre outras funcionalidades), a única ideia que tiveram foi lançá-lo a quase 10.000 dólares. Tudo isto, para um ano depois, lançarem o Macintosh, que era mais rápido e custava "apenas" 2.500 dólares. Qual foi o resultado? Venderam apenas cerca de 10.000 unidades, sendo um dos modelos menos vendidos da história.
Coleco Adam (1983)
Aqui temos uma combinação de má sorte e má qualidade. A primeira remessa saiu defeituosa, com até 60% das unidades a serem devolvidas. Além disso, essa remessa atrasou-se e a produção foi difícil e limitada. Esperavam vender 500.000 unidades, mas venderam pouco mais de 100.000, não por falta de procura, mas porque não conseguiram fabricar mais. Por fim, ter de devolver o dinheiro ou enviar uma nova unidade a 60% dos compradores fez com que a divisão da Coleco quebrasse e abandonasse o setor dos computadores em 1985.
IBM PCjr (1984)
Nem mesmo a maior empresa da época ficou imune a falhas. Todos conhecemos a gigante centenária IBM, que ainda hoje existe. Em 1984, após dominar o mercado dos computadores, a IBM quis entrar no influente mercado doméstico. Tinham tudo para triunfar, mas não lhes apeteceu fazer isso.
Como se viu em muitos outros casos que nunca entenderemos, lançaram um excelente produto, mas a um preço muito elevado para as suas capacidades, acreditando que apenas a marca bastaria para vendê-lo sozinho. O caso mais flagrante foi o modelo "jr", que supostamente seria mais acessível do que o modelo padrão/irmão maior. Porém, não foi só isso: o seu design e compatibilidade foram duramente criticados. Não tinha boa compatibilidade com o software dos outros modelos da IBM e o teclado não agradou ao público.
Venderam 270.000 unidades, sendo o mais vendido desta lista, mas para a IBM foi um fracasso terrível. Não atingiram nenhuma das suas previsões, a tal ponto que pararam a sua produção apenas um ano depois.
NeXT Computer (1988)
Empresa criada por Steve Jobs para provocar a Apple após ter de sair da empresa de forma pouco voluntária e nada amigável. Não era um mau computador, mas chegou numa altura errada. Foi visto como um computador demasiado orientado para o mercado doméstico e pessoal, o que afastou empresas e universidades. O grande problema: o seu preço era ao nível de computadores de trabalho empresariais, tendo sido lançado por 6.500 dólares, um valor completamente desproporcionado para a maioria das pessoas, mas bem ao estilo Steve Jobs.
Entre o preço, o posicionamento errado, a falta de software disponível e a incompatibilidade com outros programas populares, além de concorrentes duros como o Macintosh, acabou por vender apenas 50.000 unidades.
Nos cinco anos seguintes, a empresa agonizou, incapaz de resolver os problemas do seu computador de secretária e sem conseguir financiar sucessores de sucesso. Em 1993, acabou por abandonar não só o mercado dos computadores, mas também o hardware em geral. No final, a empresa acabou “atirada para o lixo” quando Steve Jobs regressou à Apple, pois esse era o seu único objetivo desde o início.
Outros casos semelhantes
Se formos falar de sucedâneos de PC ou produtos semelhantes, encontramos dezenas de casos, mas vou destacar apenas um para não alongar demasiado esta entrada. Um dos maiores fracassos da história do hardware e das perdas económicas aconteceu com a Microsoft e o Microsoft Surface RT, em 2012. Na altura em que os tablets estavam no auge da moda, a empresa fundada por Bill Gates quis entrar nesse mercado. Não foi bem um desastre total, mas passaram por muitas dificuldades.
Tentaram criar algo como um Tablet PC com uma versão própria do Windows (porque, para quê adaptar o Windows já existente?). Isso tornou um dispositivo Microsoft, com sistema operativo Microsoft, incompatível com a maioria das aplicações Windows tradicionais, disponibilizando apenas algumas apps com a interface "Modern UI" e enfrentando uma grande escassez de software próprio e de terceiros.
Por que mencionamos este caso? Porque a Microsoft fabricou milhões de unidades que quase não venderam. As vendas foram tão fracas que nunca foram oficialmente tornadas públicas, mas sabe-se que perdeu cerca de 900 milhões de dólares com esse inventário parado. Qualquer outra empresa teria falido ou encerrado essa divisão. A Microsoft acabou por descontinuar este projeto falhado para focar em dispositivos compatíveis com a versão completa do Windows, segmento onde hoje em dia tem um desempenho muito melhor.
A enorme utilidade dos fracassos
Já viste alguns dos maiores fracassos da história dos PCs. Se os analisarmos todos em conjunto, veremos que surgem padrões comuns. Muitos falharam por serem demasiado avançados (tecnologias inovadoras, mas imaturas ou sem mercado preparado), por erros de estratégia (preços desorbitados, má comercialização) ou por problemas de compatibilidade e software.
Ironicamente, vários desses fiascos deixaram legados positivos: O Xerox Alto confirmou o caminho da interface gráfica que seguiria o Macintosh. A plataforma NeXT foi onde Tim Berners-Lee criou a Web e mais tarde serviu de base para o Mac OS X. Além disso, forçou a Apple a recontratar Steve Jobs, o que originou tudo o que veio depois (iPod, iPhone...).
No entanto, em termos comerciais, todos eles foram avisos de que, na tecnologia, tanto lançar um produto antes do tempo como chegar tarde (ou mal) ao mercado pode ser desastroso. Cada fracasso ensinou à indústria o que evitar e marcou um ponto importante na evolução dos computadores pessoais.
Espero que esta publicação vos tenha agradado, ensinado e entretido. Lembrem-se que publicamos artigos todas as semanas, por isso esperamos por vocês aqui novamente. Também podem seguir-nos nas redes sociais.
Um nitroabraço a todos!